quinta-feira, 25 de abril de 2013

39 anos após o 25 de Abril... e???

Fala-se muito dos momentos vividos antes do 25 de Abril. Diz-se que não havia liberdade, que havia censura, que a actividade política, associativa e sindical era quase nula e controlada pela polícia política, havia presos políticos, a Constituição não garantia os direitos dos cidadãos... Enfim, Portugal mantinha uma guerra colonial e encontrava-se praticamente isolado na comunidade internacional. Se bem que isso nos livrou à participação na II Guerra Mundial.

 As mais variadas formas de expressão cultural (imprensa, cinema, artes plásticas, música, literatura e se blogues houvesse por certo também) eram controladas. Diz-se que não havia liberdade.

Também a actividade política era condicionada. Toda a oposição ao regime  autoritário de António de Oliveira Salazar e, depois, de Marcelo Caetano, era perseguida pela polícia política, a chamada PIDE/DGS. Muitos desses opositores/ reivindicadores tinham de agir na clandestinidade ou refugiar-se no exílio. Todos os oposicionistas, apenas por pensarem ou agirem contra a ideologia e prática do Estado Novo, eram pura e simplesmente presos. Muitos discos/músicas e livros estavam proibidos. Até existiam nas rádios listas de música que não se podia passar. Havia bens de consumo que não se podiam importar, como por exemplo o tão afamado caso dos isqueiros importados, que requeriam uma licença para uso.  Diz-se que não havia liberdade nem democracia.

As escolas tinham salas e recreios separados para rapazes e raparigas, espécies de fortalezas de género, onde o professor era rei e senhor. As turmas tinham, por vezes, 40 ou 50 alunos e um só professor. Ninguém ousava sequer impor a sua humilde opinião perante as palavras daquele que imperava - o sr. professor. Não havia cadernos da kitty, nem manuais coloridos, nem magalhães ou  tablets ou canetas xpto. Todos permaneciam em silêncio cumprindo o seu dever, enquanto alunos - estudar e aprender  (o que se preconizava como competências necessárias, à luz da época).  Diz-se que não havia liberdade nem direito à educação.

Portugal estava envolvido na guerra colonial em Angola, na Guiné e em Moçambique. Certo! E muitos portugueses sofreram, de facto, na pele e no estômago as consequenciais da guerra civil de Espanha nos anos 30 e nos anos 40 com a II Guerra Mundial, passando fome e privações. Diz-se que não havia liberdade nem paz.

 Hoje parece-nos difícil imaginar como era Portugal antes do 25 de Abril de 1974.

Dizer-se que a  Constituição não garantia o direito dos cidadãos à educação, à saúde, ao trabalho, à habitação, parece algo tão surreal como irracional. Mas se pensarmos um bocadinho naqueles que viveram, de facto a época do Estado Novo, reporto-me aos meus avós. Agricultores que da terra tiravam o seu sustento. Humildes trabalhadores. Trabalhavam de sol a sol é certo, mas viram o seu esforço laboral reconhecido. Construíram as suas casas sem empréstimos, compraram os carros, as maquinarias necessárias e até propriedades, tudo com o esforço de uma vida de trabalho. Uma vida nem sempre fácil, mas onde o esforço de quem trabalha era devidamente reconhecido. E até conseguiram ajudar os seus filhos no início das suas vidas, isto para não falar na ajuda aos netos. 

 Hoje, quando a Constituição já garante o direito à educação, à saúde, ao trabalho, à habitação, o que temos?
 Os alunos são reis e senhores, que se marimbam de alto para a escola. As escolas, mesmo com turmas reduzidas, não conseguem cumprir o seu dever enquanto organização promotora de competências. Os professores, esses, não ousam sequer impor a sua doutrina, sob pena dos pais, dos filhos e do Espírito Santo lhes caírem em cima como cães de caça em dias de matança. Os hospitais encontram-se sobrelotados de pacientes e de médicos estrangeiros que não conseguem fazer frente às necessidades. Nem vale a pena falar dos centros de saúde regionais. O desemprego atingiu, nestes últimos meses o seu expoente máximo - 17, 5% (taxa de desemprego em Portugal, em Fevereiro de 2013) - sendo uma das três mais altas dos países que integram a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). De facto, todos temos uma casa (ou não), consequência de um empréstimo bancário que morremos sem pagar.
 
Os anos 30 e 40 foram marcados pelo “racionamento alimentar”. Salazar afirmou: “Livro-vos da guerra, mas não vos livro da fome”. Livrou-nos da participação na Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, e que envolveu a maioria das nações do mundo, sobretudo todas as grandes potências. Em época de guerra todos sabemos que tem de haver racionamento alimentar.

Salazar preocupava-se com a economia do país zelando pelos interesses das empresas portuguesas, como foi o caso das fábricas de fósforos portugueses que estiveram na origem da imposição de licenças de porte e uso de isqueiro (objeto importado).

Não aprovo nem defendo as políticas do Estado Novo, ou também eu não podia escrever tantas banalidades, depressa censuráveis. No entanto, gostaria de ver um Estado, efetivamente, Novo, onde o trabalho dos portugueses fosse valorizado, onde não fosse necessário emigrar para conseguir ter um vislumbre de vida a longo prazo, onde fossem dados incentivos às empresas portuguesas e à criatividade e empreendedorismo dos jovens licenciados do país, onde os professores pudessem ser professores e os alunos fossem efetivamente alunos, onde as vagas para o curso de medicina fossem aumentadas a fim de suprir as necessidades de médicos estrangeiros vindos de faculdades com médias substancialmente inferiores às portuguesas, onde aqueles que tantas vezes bateram e batem com a mão no peito para falar dos valores de Abril e da liberdade, hoje não ostentassem reformas milionárias e outros benefícios parasitários do Estado. Vejamos o exemplo do Dr. Mário Soares, que mais uma vez se recusou a participar nas comemorações do 25 de Abril, por não concordar com o rumo politico do país, é apelidado por alguns como "o papa das reformas", recebe à volta de 500.000€ por ano, já deu a volta ao mundo com a sua esposa, para ai, umas três vezes subsidiado pela generosidade do povo português, bem como outras coisas mais (Ai as suas fundações!) que basta uma pequena pesquisa para nos elucidar das vivências deste tipo de parasitas políticos do pós 25 de Abril.
 A verdade seja dita, aquele cujas mais altas vozes se levantaram para apelidar de fascista (Salazar), renunciou a vários luxos políticos (provavelmente nos dias de hoje, nem se importaria de andar de Clio), os seus Ministros quando iam representar o país para fora, não precisavam de levar comitivas onde as esposas fazem parte integrante para o passeio e, sobretudo, verdade seja dita, morreu pobre.

Chamem-me fascista se quiserem, mas 39 anos após o 25 de Abril... e?
Afinal, o que é a LIBERDADE???







Sem comentários:

Enviar um comentário

comentários a considerar