quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Como escolher a creche ou o jardim de infância...

Muitas vezes, perguntam-me se conheço este ou aquele jardim de infância? Como é que é? Se é bom ou mau?
Estas são dúvidas transversais a todos os pais com filhos pequenotes e que os vão ter que deixar para se fazerem à vida laboral... infelizmente, a maior parte das vezes, cedo demais.

Contudo e como diz o provérbio inventado por alguém, não por mim!:)

"A escolhinha da filha da vizinha é sempre melhor que a minha!"

Esta opinião do senso comum, às vezes, coincide (infelizmente!)com o bom senso! Por isso resolvi tentar ajudar e publicar aqui alguns conselhos práticos que podem definir a escolha de uma creche ou jardim de infância.

Primeiro, uma coisa quero esclarecer relativamente aos conceitos creche e jardim-de-infância. Quem pensa que é tudo a mesma coisa desengane-se! rrrrrr... nada me irrita mais que chamarem creche ao jardim-de-infância!!! Assim...

Creche - Valência onde se inclui as crianças dos 0 aos 3 anos. Define-se como uma fusão constante entre os cuidados e a educação, onde se procura promover experiências diversificadas na vida da criança,  de modo a facilitar o desenvolvimento da sua aprendizagem. É na interação constante com o mundo físico e social que esta se desenvolve. Daí que as rotinas diárias e os tempos de atividade livre junto de um ambiente educativo organizado e orientado (espaço de sala de atividades com tudo o que o compõe (jogos, brinquedos, livros, diferentes áreas, etc.)) para as aprendizagens pretendidas sejam muito importantes.
 
Jardim-de-infância - valência dos 3 aos 6 anos. Define-se como um estabelecimento de educação pré-escolar onde não existe conteúdos programáticos ou um currículo estanque, mas sim Orientações Curriculares e, mais recentemente, Metas de Aprendizagem (desde outubro de 2010). É, de alguma forma, a escolarização das aprendizagens, que não existia na valência anterior (creche). É a efetiva preparação para a vida escolar futura, como é também tantas outras coisas... mas isso dá outro post, por isso deixo para outro dia.

Penso que conceitos clarificados (minimamente!), vamos ao que interessa por agora... Volto a usar o conceito "escola" para me referir a todas as valências, como fiz num post anterior.

Mas, afinal, qual é a melhor escola?
A melhor será sempre a mais próximo de casa, sobretudo para os pequenotes, mas também para os pais (não se cansam nas deslocações e não perdem tempo em transportes, bem como as crianças começam logo a fazer amigos no bairro, o que é muitíssimo bom!). No entanto, este não pode, nem deve, ser o único critério para escolher A Escola para os vossos filhos.
 
Muitos são os estudos, incluindo em Portugal, feitos pelo Professor Joaquim Bairrão Ruivo, que mostram que as crianças que frequentam um ensino pré-escolar (aqui não falo de creche, atenção!) de qualidade, durante pelo menos dois anos apresentam melhores desempenhos, anos mais tarde, a nível linguístico, cognitivo e social, que as crianças que não frequentaram ou que estiveram em instituições de má qualidade. Penso que a maior parte das pessoas não faz ideia da importância que esta "pré-escolinha" tem na vida futura de uma criança!
 
Algumas coisas que, nós pais, podemos e devemos ter em conta:
 
Visitar a escola! Sempre com marcação prévia, claro! Peça para falar com a direção e com a/o educador(a) que será da turma do seu filho, mas também para visitar as instalações. Normalmente, isso é feito mesmo sem pedir! Atenção porque pode ser um sinal negativo, se não for feito expontaneamente!
Para ver o quê? E perguntar o quê? Perguntam vocês...
  • Número de crianças por adulto. Quantas crianças existem na sala? E quantos adultos?  Existem normas definidas legalmente. Existem instituições particulares que é quantos mais melhor (salas com crianças em excesso)... não pode ser!
  • Segurança das instalações. Janelas. Portas. Degraus. Etc. Também existem normas legalmente definidas, mas estejam atentos. 
  • Adequação dos espaço e equipamentos. Os cabides estão colocados à altura das crianças? Têm os nomes escritos? As louças da casa de banho são pequenas e colocadas à altura das crianças? As mesas e cadeiras seguem o mesmo princípio? Tudo em prol da promoção da autonomia do vosso filho!
  • As paredes das salas ( e não só!) expõem pinturas das crianças? E outros trabalhos? Essas pinturas e trabalhos são alegres e bem diferentes umas das outras? Ou apenas "preenchem linhas desenhadas" por adultos? Reparem se os trabalhos são mesmo possíveis de ser feitos por crianças! Isto define muito o tipo de trabalho desenvolvido pelo educador. Uma coisa é certa: tal como não existem crianças iguais, também não existem trabalhos iguais e perfeitinhos. (Esta conversa dá outro post!)
  • Os materiais são colocados à disposição das crianças? São de boa qualidade?
  • As salas estão organizadas e bem definidas, de modo a proporcionar aprendizagens diferenciadas - refiro-me às áreas ou também chamados "cantinhos", por exemplo: área da casinha das bonecas; área dos jogos; área da pintura; área da plasticina; etc.
  • No caso das creches, podem visitar o vosso bebé sempre que quiserem? Atenção a isto! O visitar ,aqui, convém que seja sem ser visto pelo bebé, por questão de adaptação e rotina, muito importantes nesta idade, ou seja, o que se preconiza é que quando os pais vão à escola  é para deixar ou para ir buscar a criança, não para visitar a criança. Isto é o que vai na cabecinha dela. No entanto, é muito importante que a instituição se mostre aberta aos pais e à sua entrada expontânea na instituição.
  • A higiene. Existe higiene em todos os espaços? E a comida? Onde é confecionada? Em que condições? A ementa semanal deve estar afixada e visível aos pais. Analisem e questionem se necessário.
  • As crianças maiores têm acesso aos vossos bebés? Como é que isso se processa?
  • O afeto, o carinho, a brincadeira? Como é que o pessoal reagiu à vossa visita? (Se levaram a criança, é claro!) Pararam para olhar para a criança? Fizeram perguntas? Deram miminhos? Teceram elogios?
  • Os espaços ao ar livre. Como são? Quando é que as crianças vão à rua?
  • Como é que é com o pessoal? Está sempre a rodar nas salas? Ou pelo contrário, à continuidade? O desejável é a continuidade pedagógica, sempre! Nestas idades as crianças precisam de tudo menos de mudanças sucessivas e dramáticas.
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  • Existe um projeto educativo do estabelecimento? E projeto curricular de sala? Quando será apresentado? As planificações mensais ou semanais das atividades a desenvolver com as crianças estão afixadas e visíveis aos pais?
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  • Como se processam as rotinas diárias?
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  • Deram-vos alguma cópia do regulamento interno? Analisem-no com cuidado, de modo a evitar surpresas.
 
Mas no fim de contas, o melhor critério a ter em conta, será a opinião das crianças que frequentam (ou que já frequentaram) a instituição e dos pais destas: a criança está feliz? gosta de ir? chega a casa tranquila e bem disposta? Então, temos escola!
 
Bom... espero ter ajudado... se tiverem algumas dúvidas que eu possa esclarecer, por favor contatem-me sem hesitar.
 
Boas entradas na escolinha que escolherem!
 
 

1 comentário:

  1. Sem desprimor do que aqui é dito, porque bem, posso fornecer uma lista de verificação com um conjunto específico de perguntas a fazer na escolinha (qualquer que seja a tipologia), com incidência na segurança (tendo por base a lei) que é assunto que «vai passando» por desconhecimento dos pais.
    O meu mail: correio@qualdouro.com

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