sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Sr. Primeiro-Ministro, ainda há tempo de voltar atrás!

Depois do post de Gabriela, leve e descontraído, voltar a falar da situação marasmática em que submerge o nosso país, não é propriamente algo que me apeteça. Mas o nosso caríssimo Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho deu, ontem, uma entrevista na RTP, à qual não posso deixar de tecer as minhas banais considerações.

O Primeiro-Ministro referiu que se deparou com uma situação mais adversa do que a que estava implícita no memorando de entendimento, sendo que as medidas tomadas são necessárias para fazer face ao acordado com os credores. Daí a necessidade de haver um esforço comum. Lembrou (e muito bem!) que o memorando de entendimento foi assinado pelo PS.

"Não faço exercícios de autoridade por gosto de exercícios de autoridade!" referiu.

Parafraseando o Miguel Sousa Tavares, o Dr. Pedro Passos Coelho é tido como "um homem sério, bem intencionado", no entanto está a ser incompetente. Trocando por miúdos: o nosso Primeiro-Ministro, na força da sua honestidade, está perfeitamente convicto que esta medida, que pretende tomar, vão resolver a situação do país e, consequentemente, melhorá-la. No entanto, entendedores do assunto (não estou a falar de outros partidos políticos, porque esses, esses minha gente faziam igual ou pior!) referem que esta medida foi inventada por este Governo, ou seja, nunca foi testada em lado nenhum e ninguém a conhece. 

Que medida é esta? (para quem ainda não percebeu!)
É baixar a TSU (Taxa Social Única) contra a subida do IVA. Baixar a TSU através de uma transferência direta dos trabalhadores para o patronato. Em linguagem Marxista, é a transferência do trabalho para o capital, que na ingenuidade do nosso Primeiro-Ministro vai criar emprego!

Como diz José Gomes Ferreira "O grande problema desta medida é o cheque que é passado a quem não merece!". 
Para mim, não é o grande problema, mas um dos problemas. Se há empresas que merecem, apesar de não irem criar emprego, ajuda-as a sair um bocadinho do caos! Há, claramente, empresas que não o merecem, porque, por exemplo, teimam em vender combustíveis acima da média europeia! Inadmissível, e por isso condeno o Primeiro-Ministro e os seus Ministro ao nunca tomarem um atitude radical perante isto. Outras mais: o preço da electricidade, ninguém será capaz de obrigar a descer! Que eu saiba, e volto a dizer, foram eleitos democraticamente para defender o povo e, consequentemente, o país! Todas as atitudes tomadas até agora têm sido um claro favorecimento das grandes empresas!

E, ingenuamente (ou não, já não sei!) o Primeiro-Ministro refere que o Eng. Belmiro de Azevedo (por exemplo!) já que vai ter menos gastos, aproveite para baixar os preços... Não acredito que o faça! E se o fizer, infelizmente, é à conta dos produtores primários, como assim tem feito até agora. Ou quem acham que paga as promoções que os supermercados fazem?!
Ah... mas o senhor Primeiro-Ministro refere que, por via de regulação, podem garantir a baixa de preços para os serviços como os CTT, os transportes públicos... Será que os transportes públicos andam a água? Oh Sr. Primeiro-Ministro, e os combustíveis baixam???? Porque é que não intervêm ativamente para que isso aconteça???? Que eu saiba têm poder para isso!

Por favor, acabem lá com o regabofe que, durante 38 anos de governação democrática, conduz o país ao caos! Sim... porque não foi só agora que se fez asneira... asneiras, mais-valias, jobs for the boys e outras coisas mais... existem há 38 anos. E como perguntou um senhor, que pela sua idade viveu o antes e o depois do 25 de abril - onde andam esses senhores que desde há 38 anos têm contribuído para o estado do país? Ironia... um deles parece que não vai à manifestação porque está com muitos afazeres (de férias!) no Algarve... ele que tantas coisas fez e que devia estar tão calado...

O Sr. Primeiro-Ministro referiu que dorme pouco mas dorme tranquilo... Eu não, Sr. Primeiro-Ministro! Durmo pouco e alarmada, porque tenho quase 33 anos, uma filha com quase 2 anos (por criar!) e não sei o que vai ser o dia de amanhã... como eu, muitos portugueses! Está na hora de ver a realidade dos portugueses como ela é... incertezas, instabilidades, contingências, dúvidas, hesitações,... O tempo urge... mas ainda há tempo de voltar atrás!

Acabo citando 30 opções políticas , que ajudariam com certeza a pagar o que devemos, que foram afirmadas no e-mail que circula a apelar à Manifestação de 15 de setembro. Passo então a citar:

"1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores,
> suportes burocráticos respetivos, carros, motoristas, etc.) dos três
> Presidentes da República retirados;
>
> 2. Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes,
> profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias
> na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e
> outras libações, tudo à custa do pagode;
>
> 3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que
> não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º
> emprego;
>
> 4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir
> milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam
> funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respetivo.
>
> 5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas
> porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se
> uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e não são verificados
> como podem ser auditados?
>
> 6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa
> reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em
> 1821, etc...;
>
> 7. Redução drástica das Juntas de Freguesia.. Acabar com o pagamento
> de 200 ? por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75, ?
> nas Juntas de Freguesia.
>
> 8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da
> quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem,
> para conseguirem verbas para as suas atividades;
>
> 9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores,
> etc., das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões
> particulares pelo País;
>
> 10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento
> das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e
> famílias e até, os filhos das amantes...
>
> 11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e
> entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos;
>
> 12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não
> permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular
> tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado
> a compras, etc.;
>
> 13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e
> respetivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos
> contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis....
>
> 14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos
> por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o
> regabofe total. HÁ QUADROS (diretores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE
> ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE
> ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA
> PÚBLICA....;
>
> 15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos
> que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há
> hospitais de província com mais  administradores que pessoal
> administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES
> PRINCIPESCAMENTE PAGOS...
> pertencentes ás ligarquias locais do partido no poder...
>
> 16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos
> sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com
> o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que
> criminalizar, autuar, julgar e condenar;
>
> 17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do
> Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.
>
> 18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao
> BPN e BPP;
>
> 19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e
> Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.
>
> 20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma
> recebe todos os anos.
>
> 21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam
> milhões ao erário público.
>
> 22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de
> funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem
> a quadros do Partido Único (PS + PSD).
>
> 23. Assim e desta forma Sr. Ministro das Finanças recuperaremos
> depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela
> corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado ;
>
> 24. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP, que mais não são do
> que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com
> fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle
> seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço
> que "entendem"...;
>
> 25. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito,
> perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e
> adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País,
> manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando
> dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e
> vivendo à tripa forra à custa dos
> dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a
> assistência aos que efetivamente dela precisam;
>
> 26. Controlar a atividade bancária por forma a que, daqui a mais uns
> anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise";
>
> 27. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo
> com que paguem efetivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso
> sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os
> crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida;
>
> 28. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas
> que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas
> pelos ditos.
>
> 29. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam
> cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu
> património antes e depois.
>
> 30. Pôr os Bancos a pagar impostos."

Confesso que estou a deixar de acreditar em toda, toda mesmo, classe política em Portugal... o povo deve ir à manifestação... pacificamente... apartidariamente... não pedir a demissão do Governo (isso seria o caos!) mas a execução de medidas verdadeiramente democráticas, das quais muitas estão acima enunciadas. Atrevo-me a afirmar, que não existe em Portugal, neste momento, nenhum partido político capaz de as cumprir, mesmo aqueles (que gostava de não ouvir amanhã!) que amanhã vão estar "a bater com a mão no peito" a pedir demissão do executivo. Querem todos o poleiro, para depois fazer igual ou pior! Essa é a verdade!

Volto a dizer ao Sr. Primeiro-Ministro (se é que algum dia vai ler o que escrevo!):

O tempo urge... mas ainda há tempo de voltar atrás!

 E não é desprestígio nenhum fazê-lo, muito pelo contrário!

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